Letras

Por muito tempo, tempo demais, eu lutei contra a corrente. Achava que sabia mais a língua do que os outros, que podia dizer como usá-la, o que era erro e o que era acerto! Que pretensão a minha. No meu diploma não está escrito “fiscal da língua portuguesa”, mas “bacharel em letras”. Letras, assim, no plural. Todas as letras e multiplicidades de expressão, de comunicação. No meu diploma de mestrado, igualmente, está escrito “mestra em letras” em “tradução”. Ora, de mim, espera-se reconhecimento, de mensagem e de ruído. Reconheço a intenção, traduzo, auxilio maus entendidos e, quando me pedem, oriento. Não se esperam de mim canetadas, ridicularização, diminuição. A variedade e a imensa gama de possibilidades da língua portuguesa fazem de mim uma observadora da criatividade humana e não uma censora legitimamente diplomada! Expressão tem que ser liberdade!

CORPO EM DIÁSPORA

descolonizar o gesto movimentos disciplinados são europocêntricos
o futuro é circular ele pode estar na frente mas também está ao lado ou mesmo atrás mexa seu cosmos levante a cabeça não seja subserviente enfrente a vida no miúdo ou no grande movimente-se siga a pulsação

Os ombros que suportam o mundo

Homenagem ao maior poema de Drummond
(adaptado)

(…)

Pouco importa venha a velhice
Pouco importa venha o futuro
Que é a velhice?
Que é o futuro?

Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de (duas) crianças…

(…)